Animação com IA? Filho de Miyazaki defende legado do pai: "Não dá pra substituir"

Descrição do post.Com a chegada da inteligência artificial nos animes, Goro Miyazaki afirma: o talento de seu pai, Hayao Miyazaki, é insubstituível. Neste post, exploramos o impacto da IA na animação e o valor da criatividade humana no legado do Studio Ghibli.

AniKodo

4/6/20252 min read

Goro Miyazaki, cineasta e herdeiro artístico de Hayao Miyazaki, além de colaborador no icônico Studio Ghibli, compartilhou suas reflexões sobre inteligência artificial em uma entrevista concedida à Agence France-Presse.

Embora não tenha feito menção direta à recente tendência nas redes sociais que simulou o estilo visual característico do estúdio japonês — uma onda provocada por atualizações no ChatGPT —, Goro expressou fascínio pelo avanço tecnológico e ponderou sobre seu impacto iminente na produção audiovisual.

"Não seria surpreendente se, em dois anos, víssemos um filme inteiramente concebido por inteligência artificial", afirmou o diretor, antecipando-se aos debates que iriam ganhar força pouco depois.

Apesar de sua admiração pelas capacidades da IA, Goro Miyazaki defende a originalidade inimitável do trabalho desenvolvido pelo Studio Ghibli. Segundo ele, a essência da produtora reside em uma sensibilidade que não pode ser replicada por máquinas.

“Não se trata de algo que possa ser simplesmente substituído”, declarou, ao citar obras marcantes como O Menino e a Garça, vencedora do Oscar de Melhor Animação em 2024.

Goro também destacou que o diferencial das animações do estúdio está na profundidade temática e emocional, muitas vezes entrelaçada com traumas e memórias da guerra, uma herança vivida por seus fundadores. Tanto Hayao Miyazaki quanto o saudoso Isao Takahata — diretor de O Conto da Princesa Kaguya — vivenciaram os horrores da Segunda Guerra Mundial, o que conferiu uma densidade única às narrativas que criaram.

“É isso que torna a obra deles tão profunda. É impossível reproduzir o mesmo senso de propósito, a mesma abordagem, o mesmo espírito da geração do meu pai”, acrescentou Goro.

O posicionamento contundente de Hayao Miyazaki sobre IA

A aversão do Studio Ghibli ao uso indiscriminado de inteligência artificial não é recente. Em 2016, muito antes de se tornarem populares as simulações de estilo artístico por IA, Hayao Miyazaki posicionou-se de forma categórica contra a tecnologia. Durante uma reunião onde foi apresentada uma animação gerada por algoritmos, o mestre da animação japonesa reagiu com repulsa.

“Estou completamente enojado. Se desejam fazer coisas perturbadoras, façam por sua conta. Jamais incorporaria essa tecnologia ao meu trabalho. Considero isso um insulto à própria vida”, declarou o cineasta na ocasião.

A tensão entre arte e tecnologia

A discussão sobre o papel da inteligência artificial na criação de obras audiovisuais permanece em pauta na indústria do entretenimento. Cineastas, roteiristas, dubladores e demais profissionais do setor seguem divididos entre a inovação tecnológica e a preservação da autenticidade artística.

O Studio Ghibli, com sua filosofia profundamente enraizada na experiência humana e no trabalho artesanal, continua sendo um bastião da animação feita com alma — algo que, ao menos por ora, a inteligência artificial ainda não é capaz de simular.

Autor do post: AniKodo